1946-2021

Corriam os primeiros meses do ano de 1946, quando um jovem de 20 e poucos anos decidiu lançar-se na arriscada aventura de construir uma empresa industrial, logo após o fim da Segunda Guerra Mundial.

Num Portugal parado no tempo, Salvador Fernandes Caetano, sempre determinado, contou com a confiança e apoio de poucos. Contudo, conseguiu erguer os alicerces da empresa com que tanto sonhava. Iniciando a sua atividade na indústria de carroçarias, assim nascia o que é hoje o Grupo Salvador Caetano.

Recuando até à década de 50, em 1952, introduzimos em Portugal a técnica de construção mista de carroçarias, com perfis em aço e madeira (até então eram apenas em madeira), pois queríamos fazer mais e melhor.

3 anos depois, e também pela primeira vez em Portugal, deixamos a madeira e o nosso sistema de construção passou a ser inteiramente metálico, como já se fazia noutros países europeus. Foi assim que, no ramo das carroçarias, alcançámos uma posição destacada uma vez que oferecíamos melhor qualidade, mais imaginação e um novo estilo.

Na imagem podemos ver Salvador Fernandes Caetano junto de um dos primeiros autocarros concebidos por ele próprio.

Em 1967 abrimos as nossas portas ao mundo, um ano depois de a nova unidade fabril de Gaia ter começado a funcionar.

A alta qualidade dos nossos produtos começou a ser reconhecida além-fronteiras e iniciaram-se as negociações. Este "atrevimento", como alguns classificaram na época, valeu-nos as nossas primeiras exportações para o Reino Unido, um país extremamente competitivo, com grandes empresas de construção de autocarros, as quais ainda hoje se mantêm em atividade.

1968 foi um dos anos mais importantes da nossa história. Nesta data, a Toyota escolhe a Salvador Caetano para ser importador e distribuidor exclusivo da marca em Portugal.

As negociações não foram fáceis: além de os entraves à importação serem grandes não dispúnhamos, à data, de uma linha de montagem própria, o que em breve isso deixaria de ser um problema com a inauguração da nossa fábrica de Ovar. Este acordo representou a abertura de excelentes perspetivas e a oportunidade de elevar a nossa dimensão.

Na imagem pode ver o documento oficial da representação da Toyota em Portugal.

Depois de assinado o contrato de importação e distribuição exclusivo dos produtos Toyota para Portugal pela Salvador Caetano, era necessária a criação da nossa própria linha de montagem. Foi um período muito conturbado. As leis do Estado Novo não facilitavam e foi extremamente difícil conseguir uma licença para avançar com esse projeto.

Nesse período, Salvador Fernandes Caetano deslocou-se várias vezes ao Japão, muitas vezes sozinho. Apesar do relacionamento excecional com a Toyota, numa dessas ocasiões o nosso Fundador teve de sentar-se à mesa com cerca de 10 executivos japoneses para mais uma reunião difícil. Uma das Pessoas da reunião insistia em discursar sobre métodos e objetivos de trabalho ao que, a certa altura, Salvador F. Caetano respondeu perguntando se achava que ele tinha aspeto de representante de um país de terceiro mundo. O seu interlocutor ficou muito atrapalhado e perturbado, mas acabou por concordar com a sua posição. Talvez por causa de um destes episódios, um dia Eiji Toyoda chamou a Salvador Fernandes Caetano "strong man".

Depois de ultrapassadas muitas dificuldades foi finalmente inaugurada, em 1971, a nossa fábrica de Ovar, no ano do nosso 25º aniversário. Na época, era a maior e mais bem equipada fábrica de montagem do país, uma surpresa não só para a Toyota, mas também para os nossos competidores.

Contruída em 9 meses, esta foi a primeira fábrica Toyota na Europa, cuja atividade se centrava na montagem de mini-autocarros Caetano, comerciais ligeiros Toyota e incorporação de componentes em veículos comerciais.

À data, a marca japonesa era praticamente desconhecida na Europa, no entanto este foi um passo decisivo para que a mesma se expandisse neste território. Assim, a Toyota veio para ficar e ficou!

No início da década de 80, Salvador Fernandes Caetano, perante a dificuldade em recrutar profissionais qualificados no território nacional, afirmou: “Se não os há, façam-nos!”, e nasceu o nosso Centro de Formação em 1983. Na época dedicava-se à formação específica dos produtos Toyota e de cursos de combate ao analfabetismo com formação a nível do ensino preparatório e secundário.

A imagem mostra como o Centro de Formação Salvador Caetano divulgava os benefícios para as suas Pessoas e para a empresa. Desde então, o investimento na formação tem sido uma das nossas prioridades.

Aqui iniciou-se a operação de Retalho Automóvel em Espanha. Este foi mais um passo na nossa estratégia de internacionalização, que no futuro se transformaria na representação de mais de 30 marcas.

Em agosto de 2012 demos asas a um novo negócio. Nascia a Caetano Aeronautic que se dedica à fabricação de peças metálicas e em material compósito e à montagem de aeroestruturas de pequena e média dimensão. Rapidamente integrou a cadeia de abastecimento aeronáutica, contribuindo para a implementação e desenvolvimento de uma estratégia para o setor aeroespacial nacional.

Neste ano iniciámos a produção do Toyota Land Cruiser série 70. A Toyota Motor Corporation reforçou assim a sua presença em território nacional com a produção deste veículo que se destina exclusivamente para exportação, para o mercado da África do Sul. O Land Cruiser série 70 continua, ainda hoje, a ser produzido na nossa fábrica de Ovar!

E hoje? Mais de 100 empresas, em 37 países e com mais 6.500 Colaboradores que nos fazem avançar todos os dias. Consolidamos a nossa oferta de autocarros elétricos e somos os primeiros da Europa a fabricar autocarros a hidrogénio com pilha de combustível da Toyota e queremos estar na vanguarda desta tecnologia a nível mundial.

Tornámo-nos no maior retalhista da península ibérica, reforçámos a nossa posição no mercado africano, entrámos no mercado da América Latina e encontrámos novas soluções de mobilidade que vão ao encontro das necessidades do Cliente atual.

Sobretudo, acreditamos que o nosso propósito é ajudar as Pessoas a moverem-se. E vamos continuar a testar, a falhar e a tentar novamente porque “na eternidade tudo está só verdadeiramente a começar”, assim dizia o nosso Fundador.